O ano da verdade para a IA: Capgemini revela cinco principais tendências para 2026

10 de dezembro de 2025

por Por Roberta Prescott

O ano da verdade para a IA: Capgemini revela cinco principais tendências para 2026

Com inteligência artificial no centro, a Capgemini compartilhou o que aponta como cinco tendências-chave para 2026. Em coletiva de imprensa online, executivos da companhia apresentaram o “TechnoVision: Cinco principais tendências tecnológicas para ficar de olho em 2026”, que destaca as tecnologias que devem atingir um ponto de inflexão no próximo ano.


A ética em IA deve se tornar um tópico de engenharia, promovendo a integração dos princípios éticos aos sistemas de IA. A própria inteligência artificial se voltará para sistemas multiagentes para a resolução colaborativa de problemas. Também transformará os ciclos de vida do desenvolvimento de software, enfatizando sistemas adaptativos e de autoaprendizagem.


Para além da IA, a computação em nuvem evoluirá para ambientes multicloud, híbridos e de edge computing para resiliência e conformidade regulatória. E, não menos importante, a soberania tecnológica se concentrará em dados, tecnologia, operações e jurisdição, exigindo gerenciamento estratégico de riscos e aprimoramento contínuo de habilidades.


Se, no ano passado, as cinco principais tendências tecnológicas da Capgemini previram a ascensão da robótica com IA, para 2026, Pascal Brier, diretor de inovação da Capgemini e membro do comitê executivo do grupo, diz que a IA deixa a fase de experimentação e entra em um estágio de maturidade. Brier aponta que, no próximo ano, a IA se tornará a base estrutural da arquitetura empresarial, irá remodelar o desenvolvimento do ciclo de vida do software e redefinir o consumo de nuvem.


Ao mesmo tempo, ele aponta que os sistemas empresariais estão passando por uma mudança fundamental em direção a operações inteligentes, enquanto a soberania tecnológica emerge como uma prioridade estratégica, impulsionando as organizações a construírem uma interdependência resiliente.


Para a Capgemini, a IA é, sem dúvida, a tecnologia que definirá a década, mas o ritmo de investimento superou a velocidade com que as organizações a implementam e extraem seu valor. Ao analisarem onde algumas de suas experimentações com IA falharam em entregar os resultados esperados, os líderes empresariais agora entendem que o problema não residia na tecnologia em si, mas na abordagem e metodologia de negócios.


O ano de 2026 será o momento de passar da prova de conceito para a prova de impacto, garantindo que a IA impulsione resultados mensuráveis, confiança e colaboração em escala, enquanto lança as bases para uma transformação em maior escala no futuro.

Segundo a consultoria, o ritmo de desenvolvimento da IA ​​não mostra sinais de desaceleração e a oferta disponível no mercado continua a crescer. Enquanto isso, após anos de projetos-piloto fragmentados, 2026 será um ano de avanços significativos, em que as organizações investirão em dados e preparação para IA e, mais importante, na química humano-IA — deixando de lado o hype para aproveitar o potencial transformador da IA.


Outra tendência é a IA dominar o software, remodelando o ciclo de vida do desenvolvimento de software em diversos setores, passando da escrita de código para a expressão de intenções. Após anos de automação e aceleração impulsionada pelo DevOps, a IA está cada vez mais gerando e mantendo componentes de software.


Nesse cenário, a Capgemini ressalta que a governança e a supervisão continuam sendo cruciais para evitar falhas, lacunas de segurança e erros silenciosos. Essa nova era de reconstrução de software em toda a cadeia de valor está alinhada com a transformação em um negócio nativo da IA, operando em plataformas adaptáveis ​​em vez de estáticas. Essa abordagem abre oportunidades para construir sistemas mais ágeis e autônomos, reduzindo a dependência de provedores de Software como Serviço e permitindo a diferenciação por meio de produtos personalizados a preços competitivos.


Em 2026, essa mudança redefinirá cada vez mais os papéis, tornando a supervisão humana e o controle de qualidade essenciais para a confiança e a resiliência. As organizações começarão a reconstruir seus aplicativos e precisarão se concentrar na requalificação de sua força de trabalho de desenvolvimento de software em um futuro próximo. A nova moeda de troca da expertise estará no pensamento sistêmico, na orquestração de IA e agentes e no gerenciamento de cadeias de ferramentas e processos complexos e autônomos.


Com relação à evolução da computação em nuvem, a Capgemini assinala a entrada em uma fase em que arquiteturas híbridas, privadas, multicloud e soberanas deixam de ser nichos e se tornam fundamentais para a operação em escala da IA, a ponto de se tornarem a base estrutural operacional para cargas de trabalho de IA e agentes.


Segundo a consultoria, a IA não consegue escalar e obter o desempenho adequado apenas na nuvem pública clássica, o que impulsiona a adoção de todos os outros modelos de nuvem. A chamada ‘Nuvem 3.0’ aumentará as possibilidades para as organizações adaptarem seu consumo de nuvem às suas diversas necessidades, principalmente em termos de redundância de ativos, criticidade e latência. Ao mesmo tempo, porém, embora isso possa aumentar a resiliência, também pode trazer complexidade para o gerenciamento, pressionando os provedores de nuvem a aprimorarem a interoperabilidade em suas estratégias com múltiplos fornecedores.


Na era da Nuvem 3.0, as organizações precisarão garantir que possuam as habilidades certas, governança ágil e mentalidade adaptativa que permitam operações confiáveis ​​em diversos ambientes de nuvem.


A consultoria também aponta a ascensão das operações inteligentes, com os sistemas empresariais evoluindo de sistemas estáticos de registro para motores vivos de operações inteligentes. Com as promessas dos sistemas de agentes, as empresas têm a oportunidade de repensar e redesenhar seus processos de negócios para torná-los autoaperfeiçoáveis, adaptáveis ​​e ágeis.


Em 2026, as organizações passarão de projetos-piloto para os primeiros níveis de produção, da automação fragmentada para cadeias de valor de ponta a ponta, mas o sucesso dependerá em garantir a confiabilidade e escalabilidade dos agentes de IA e a eficácia da interação entre humanos e IA.


Por fim, a Capgemini diz que, em meio à incerteza geopolítica, a soberania tecnológica deixou de ser um conceito político para se tornar uma prioridade estratégica. Nações e empresas agora buscam o controle sobre tecnologias críticas em um mundo que permanece profundamente interconectado. O resultado é um novo paradoxo: a soberania não é mais definida pelo isolamento, mas pela interdependência resiliente.


Como a autonomia tecnológica plena não existe, as organizações se concentrarão na mitigação de riscos e no controle seletivo de camadas-chave. Garantir a continuidade dos negócios se tornará o principal imperativo por meio de fornecedores diversificados e alternativas soberanas. Nuvens soberanas e multicloud, modelos regionais de IA, plataformas abertas e novos ecossistemas de chips também estão surgindo para oferecer opções e flexibilidade estratégica.


Em 2026, a corrida pelo controle das camadas críticas da cadeia de valor digital continuará, desde semicondutores e armazenamento de dados até modelos de IA, enquanto a maioria dos hiperescaladores e grandes provedores de nuvem provavelmente lançarão ofertas de nuvem soberana. Isso terá um impacto profundo na forma como as empresas mitigam riscos e garantem resiliência.
 

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