Digitalização avança, mas IA ainda é incipiente em equipamentos culturais brasileiros

07 de outubro de 2025

por Roberta Prescott

Digitalização avança, mas IA ainda é incipiente em equipamentos culturais brasileiros

Pela primeira vez na série histórica, a TIC Cultura perguntou sobre o uso de inteligência artificial (IA) em equipamentos culturais brasileiros. Os dados da TIC Cultura 2024, lançada nesta terça-feira (7/10) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), revelam que a adoção ainda é incipiente, com porcentuais de adoção acima de 10% somente em arquivos (20%) e cinemas (16%). Nos demais equipamentos, as proporções foram de 9% em pontos de cultura, 4% em bens tombados, museus e teatros, e 2% em bibliotecas.  

 

Em contrapartida, a pesquisa revela um cenário de avanço na digitalização do setor. O acesso à Internet está praticamente universalizado entre os equipamentos investigados, como arquivos e cinemas (100%) e pontos de cultura (96%). Aponta ainda um crescimento relevante da conexão à rede entre os bens tombados, que saltou de 74% em 2022 para 92% em 2024. No entanto, ainda persistem menores proporções de acesso à Internet entre museus (87%) e bibliotecas (83%).

 

O fortalecimento da infraestrutura digital identificado pelo levantamento se reflete também no aumento da presença de dispositivos de propriedade dos equipamentos, como tablets em arquivos (que passou de 14% em 2022 para 32% em 2024) e teatros (de 17% para 27%), notebooks em bens tombados (de 36% para 65%) e celulares em pontos de cultura (de 28% para 39%).

 

 

A proporção de equipamentos que oferecem acesso gratuito via Wi-Fi ao público também aumentou na comparação com os indicadores da última edição, realizada em 2022, com destaque para as bibliotecas (de 54% para 65%), pontos de cultura (de 53% para 64%) e museus (de 40% para 51%). Já a oferta de computadores para o público se manteve estável, sendo mais presente em arquivos (55%) e bibliotecas (41%).

 

 

A presença em plataformas e redes sociais online como Instagram, TikTok ou Flickr cresceu no período, alcançando 87% entre os pontos de cultura (ante 73% em 2022) e 78% dos bens tombados (ante 50% em 2022). O uso de aplicativos de mensagens como WhatsApp ou Telegram também aumentou entre pontos de cultura (de 62% para 72%) e museus (de 24% para 37%), teatros (de 24% para 35%) e bibliotecas (de 12% para 25%).

 

Por outro lado, após avanço durante a pandemia, a presença de ferramentas de transmissão de vídeos ao vivo/streaming no website recuou entre teatros e cinemas, retornando a patamares observados antes da crise sanitária. No caso dos teatros, o percentual foi de 25% em 2022 para 16% em 2024; nos cinemas, passou de 20% para 12% no mesmo período.

 

Conduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o levantamento, que tem abrangência nacional, entrevistou gestores de sete tipos de equipamentos culturais: arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.
 

Nesta 5ª edição, foram realizadas, entre outubro de 2024 e abril de 2025, 1.818 entrevistas com gestores de arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros de todas as regiões do país.


A TIC Cultura conta com o apoio institucional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e de um grupo de especialistas vinculados ao governo, a organizações da sociedade civil e a universidades. A lista completa de indicadores pode ser conferida em https://www.cetic.br/pt/pesquisa/cultura/indicadores/.
 

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