Iniciativas de inovação vão além da tecnologia

02 de outubro de 2025

por Da redação

Iniciativas de inovação vão além da tecnologia

O painel “Inovação de Dentro para Fora: Tecnologias Emergentes, Redes, Orquestrações e Interface com Clientes”, realizado na quarta-feira, 01, na Futurecom 2025, reuniu líderes de diferentes setores para discutir como a transformação cultural, tecnológica e organizacional pode gerar impacto positivo e sustentável nos negócios.

 

O mediador José Ricardo Formagio Bueno, fundador da Automatum, abriu a conversa destacando que inovar deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar questão de sobrevivência empresarial. “A inovação hoje é sobrevivência. Nosso objetivo é mostrar como ela pode auxiliar as empresas a otimizar recursos, transformar talentos, processos e informações em algo tangível e de valor para o cliente”, afirmou.

 

Para Renata Marques, CIO da Natura, inovação só tem sentido quando gera impacto positivo. Segundo ela, tecnologia e plataformas são meios para resolver problemas reais — e isso exige foco em pessoas, cultura e novas formas de trabalhar.

 

“Trabalhamos continuamente com startups, experimentamos e buscamos soluções que simplifiquem processos e abram espaço para criar mais valor. Mas a barreira está em encontrar o problema certo para usar a tecnologia e, para isso, é preciso gente conectando os pontos”, afirmou. Ela destacou ainda que a curiosidade e a diversidade são combustíveis para a inovação contínua. “Temos que ser menos gurus e mais guris. A humildade de aprender e desaprender é essencial nesse processo.”

 

Roberto Murakami, vice-presidente da NEC para a América Latina, reforçou que inovação não é um KPI, mas uma atitude diária. Para ele, a tecnologia deve ser vista como ferramenta, não como fim em si mesma. “A inovação de dentro para fora é uma questão de conscientização. O que importa é a atitude das pessoas, mais do que os processos formais”, explicou.

 

Murakami lembrou que culturas locais influenciam a forma como a inovação acontece e que pequenos avanços internos podem ser mais desafiadores do que grandes rupturas. “Melhorar a operação, a experiência do cliente e a satisfação do funcionário é resultado natural quando cultivamos o espírito inovador.”

 

André Itaussu, COO da IHS Latam, trouxe um exemplo de como a inovação pode estar em ações simples, longe da tecnologia de ponta. A empresa, especializada em redes neutras, decidiu criar um tapete com “sete regras de ouro” que os técnicos levam às casas dos clientes durante as visitas. “Oferecemos internet em nome das operadoras, mas muitas vezes os clientes não sabem quem somos. Esse simples tapete passou a nos apresentar de forma clara”, contou.

 

Cultura digital consolidada

Dorian Lacerda, diretor da Abranet, destacou a importância da transformação digital iniciada com a abertura do mercado de telecomunicações no Brasil. Segundo ele, essa mudança gerou uma verdadeira cultura digital, hoje assimilada pela sociedade.

 

“Vivemos um momento em que o digital entrou no cotidiano das pessoas. Isso nos permite usar a tecnologia como linguagem comum para inovar em qualquer setor. O desafio, agora, é provocar as pessoas para o bem que a inovação pode gerar”, afirmou.

 

Ele também destacou os obstáculos enfrentados pelas organizações. “Inovar exige um empurrão. Erramos muito mais do que acertamos, mas a empresa que quer inovar insiste, porque sabe que cada tentativa faz parte do processo de aprendizado.”

 

Todos os participantes concordaram que o sucesso da inovação de dentro para fora depende de engajamento e de conexão com a estratégia do negócio. Sem isso, as tecnologias se reduzem a ferramentas sem impacto. A Natura, por exemplo, aposta em soluções digitais para ampliar a renda de suas consultoras. A plataforma Minha Loja, e-commerce personalizado, permite que cada consultora utilize estoques próprios ou da empresa em outras regiões, gerando conveniência ao cliente e ganhos adicionais para a rede de vendas.

 

Para Lacerda, da Abranet, a inteligência artificial tem papel tão disruptivo hoje quanto a internet teve nos anos 1990. “No último ano, aconteceram mudanças que não vimos nos 20 anteriores. A IA acelerou profundamente a transformação nos serviços. Agora precisamos aprender a equilibrar bem-estar humano e avanço tecnológico”, disse.

 

Ele ressaltou que, além dos indicadores financeiros, as empresas precisam adotar métricas ligadas a propósito, sustentabilidade e impacto social. “Não conseguimos desconectar o colaborador de sua família, do ambiente onde vive. O engajamento nasce da clareza de propósito, e isso cria o ambiente para inovar”, ressaltou.

 

Apesar das diferenças de atuação, os executivos convergiram na visão de que a inovação só se consolida quando traduzida em resultados práticos. Seja na redução de custos operacionais, na geração de novas receitas ou na melhoria da experiência do cliente e do colaborador, a inovação deve impactar positivamente todas as dimensões do negócio.

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