Geração Z zero paciência: se não vê progresso, troca de emprego

24 de setembro de 2025

por Redação The Shift

Geração Z zero paciência: se não vê progresso, troca de emprego

A Geração Z está pronta para mudar. Literalmente. Quase um terço dos jovens profissionais da Geração Z pretende deixar seu emprego atual nos próximos 12 meses. O motivo principal não é falta de comprometimento, mas a percepção de que não estão progredindo. Em um mercado que exige velocidade e resiliência, essa geração busca sinais concretos de crescimento. Quando esses sinais não aparecem, a conclusão é direta: é hora de seguir em frente.

 

A média de permanência dos profissionais zoomers em um emprego nos primeiros cinco anos de carreira é de 1,1 ano, a mais baixa entre todas as gerações analisadas, aponta um estudo recente da Randstad. Após analisar respostas de 11.250 trabalhadores em 15 mercados e combinar com uma análise de mais de 126 milhões de vagas de emprego em todo o mundo, o relatório mostra que enquanto a Geração Millennial ficava em média 1,8 ano em um emprego nos primeiros cinco anos de carreira, os profissionais da Geração X ficavam 2,8 anos e os Baby Boomers, 2,9 anos.

 

E qual é o gatilho para esse desejo de mudança da Geração Z? Segundo o levantamento, períodos curtos não significam pensamento de curto prazo. “A Geração Z não está mudando de emprego por mudar. Em vez disso, eles estão mudando por causa de sua ambição e da percepção de falta de caminhos dentro das funções que estão deixando”, cita o relatório “The Gen Z Workplace Blueprint: Future focused, fast moving”. 

 

Existe um impulso genuíno de crescimento e de buscar caminhos de desenvolvimento claros, com aprendizado habilitado por IA. Pelo menos 54% dos profissionais zoomers estão ativamente procurando um novo trabalho, mesmo estando empregados, com 14% afirmando que não veem futuro onde estão. Apenas 56% acreditam que seu cargo atual contribui para alcançar o “emprego dos sonhos”. Essa insatisfação é mais intensa entre mulheres, trabalhadores operacionais e aqueles com menor escolaridade formal.

Carreira não é linha reta para Geração Z

As vagas globais para cargos que exigem de 0 a 2 anos de experiência caíram em média 29 pontos percentuais desde janeiro de 2024. Por exemplo, cargos juniores em tecnologia caíram 35%, em Logística, 25% e em Finanças, 24%. Em um cenário em que a IA está remodelando a estrutura e os processos de trabalho, é impossível esperar que o acesso seguisse os padrões das gerações anteriores.

A entrada da Geração Z no mercado não seguiu caminhos tradicionais. Muitos começaram com freelas, “side hustles”, estágios informais. Um quarto deles não seguiu o “modelo clássico” de primeiro emprego. Atualmente, apenas 45% ocupam cargos tradicionais em tempo integral, enquanto entre os talentos que trabalham em tempo integral, 31% prefeririam combinar um cargo em tempo integral com um segundo emprego paralelo: uma “atividade paralela” (side hustle). 

Os zoomers são atraídos por opções não lineares de crescimento. A ideia de fazer outra coisa que não esteja necessariamente associada ao trabalho tem a ver com ganhar experiência, diversificar a renda e, em muitos casos, desenvolver a carreira. Apenas 11% planejam permanecer no emprego atual no longo prazo. Ou seja, a rigidez de cargos, “escadas” e planos fechados de carreira não encontra muita ressonância com os zoomers. 

Uso ativo e predominante da IA

A Geração Z está adotando a IA para construir suas carreiras, mas enquanto a maioria usa a IA para desenvolver ou melhorar suas habilidades, 46% estão preocupados com o impacto da tecnologia em seus empregos.

Para muitos, isso reflete uma mudança mais ampla: as vagas de nível básico estão evoluindo rapidamente, e espera-se que os talentos mais jovens tenham fluência em tecnologia desde o primeiro dia, em vez de aprender na prática, como as gerações anteriores.

A seguir, outros insights do estudo da Randstad.

Otimismo e apreensão coexistentes

  • 58% expressam entusiasmo com o potencial da IA no ambiente profissional, um indicador de abertura ao futuro tecnológico.
  • Ao mesmo tempo, 46% demonstram preocupação com os impactos da IA em suas carreiras, um aumento em relação aos 40% registrados no ano anterior.

Disparidades no treinamento e acesso

  • Há um descompasso evidente no acesso à formação tecnológica: 
    • 46% dos homens receberam treinamento em IA contra 38% das mulheres
    • 50% dos profissionais de escritório receberam esse treinamento frente a apenas 35% dos trabalhadores operacionais.

Velocidade de aprendizado como diferencial

  • Apesar das desigualdades, 79% da Geração Z relatam que conseguem aprender novas habilidades rapidamente – um forte indicador de adaptabilidade.

O que isso significa?

  • A Geração Z lidera o uso de IA como ferramenta de aprendizado, busca de emprego e solução de problemas, reforçando sua fluência tecnológica.
  • Contudo, o entusiasmo pela IA é acompanhado por uma apreensão crescente quanto ao seu impacto profissional.

Autoconfiança, Insegurança e percepção de inadequação

  • 41% da Geração Z dizem não se sentir confiantes para buscar outro emprego — mesmo estando ativos no mercado.
  • Mesmo com ambição, a sensação de não estar à altura dos objetivos é forte: 2 em cada 5 jovens afirmam que suas condições educacionais ou origem social dificultam a realização de seus sonhos.
  • Em termos de autoconfiança para atuação, os jovens profissionais da Geração apresentam 14% menos do que gerações mais experientes. Essa lacuna de confiança, de acordo com um estudo do The Wellbeing Project, se estende da vida para o trabalho.

Falta de mentoria e orientação

  • Segundo dados recentes levantados via Harris Poll, 74% dos jovens (18 a 25 anos) não têm acesso a mentoria, considerado um recurso crítico para o desenvolvimento de confiança e carreira.
  • Apenas 41% se dizem altamente confiantes para navegar no mercado de trabalho atual, um reflexo da solidão, insegurança e falta de apoio percebida entre os jovens.

Consequências para performance e desenvolvimento

Esses baixos níveis de autoconfiança podem gerar:

  • Indecisão e falta de ambição, bloqueando escolhas de carreira claras.
  • A diminuição da motivação para buscar desafios, o que impacta o potencial, engajamento e inovação.
  • Maior dificuldade em lidar com fracassos e crises, fatores que exigem resiliência e suporte.

O que isso significa?

  • A ambição da Geração Z convive com insegurança: muitos não acreditam ter os meios (educação, rede, mentoria) para alcançar suas metas.
  • A ausência de mentoria e orientação clareia um gap importante que empresas e líderes podem e devem preencher.
  • Medidas eficazes incluem:
    • Programas formais de mentoria, conectando jovens com profissionais experientes.
    • Feedback contínuo e cultura de reconhecimento, que valorize conquistas incrementais e fortaleça a autoestima.
    • Treinamento em resiliência e mindset de crescimento, para que os jovens internalizem o valor do aprendizado a partir do erro.

O que as empresas precisam fazer agora

  • Redesenhar vagas juniores: com a IA automatizando tarefas operacionais, cargos de entrada devem ser mais estratégicos e baseados em resolução de problemas.
  • Clareza de crescimento: a Geração Z quer saber onde pode chegar, em quanto tempo, e o que precisa fazer para isso.
  • Capacitação constante: aprendizado em IA, soft skills e experiências práticas devem ser universais, não privilégio de uma minoria.
  • Liderança empática: gestores precisam ser coaches, não chefes.

Conteúdo originalmente produzido e publicado por The Shift. Reprodução autorizada exclusivamente para a Abranet. A reprodução por terceiros, parcial ou integral, não é permitida sem autorização

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