Confiança nos times: só 10%. O resto é fé, esperança e cafeína

15 de setembro de 2025

por Redação The Shift

Confiança nos times: só 10%. O resto é fé, esperança e cafeína

O aumento na lacuna de habilidades é hoje uma das principais barreiras para o crescimento das organizações. Apenas 10% das lideranças de Recursos Humanos confiam que a força de trabalho de sua empresa possui as habilidades necessárias para atingir os objetivos de negócio nos próximos 12 a 24 meses. O que se traduz em um descompasso enorme entre a ambição estratégica da companhia e sua capacidade real de execução.

O relatório “2025 Global Skills Intelligence Survey” aponta que as defasagens comprometem projetos estratégicos, inovação e entrada em novos mercados, afetando receita e competitividade. Quase um terço (28%) dos mais de mil líderes de RH e Desenvolvimento (T&D) entrevistados vê as habilidades como o fator-chave que pode fazer ou quebrar o crescimento de sua organização.

  • 91% dos profissionais de RH acreditam que seus colaboradores superestimam suas próprias habilidades, especialmente em liderança, IA e competências técnicas.
  • 28% das lideranças dizem que as lacunas de habilidades restringem a expansão para novos mercados ou oportunidades.
  • 37% temem perder talentos para concorrentes com estratégias de desenvolvimento mais robustas.
  • Quase 1 em cada 3 relata que entre 41% e 60% das novas contratações chegam com lacunas críticas de habilidades.
  • 18% dos profissionais de RH realizam medições regulares de habilidades ao longo da jornada de desenvolvimento.
  • Isso leva a erros de alocação, perda de produtividade (34%), agravamento das lacunas (36%) e estresse gerencial (31%).

A ausência de um diagnóstico confiável torna qualquer tentativa de capacitação uma aposta no escuro. E perpetua o problema de percepção das lideranças sobre as capacidades da equipe, que está frequentemente distorcida.

Inteligência Artificial: desafio e catalisador

A Inteligência Artificial (IA) tem potencial para transformar a gestão de talentos, e acelerar estratégias de qualificação, desde que usada com dados confiáveis e metas claras. Mas sua adoção ainda esbarra em obstáculos:

  • 41% apontam a resistência à mudança como a principal barreira à adoção da IA.
  • 28% citam a falta de conhecimento técnico em IA como empecilho.
  • 49% desejam ver IA embutida em ferramentas de avaliação de skills para melhorar a precisão e relevância das análises.

Programas de desenvolvimento estão desconectados da estratégia

Na era da colaboração entre humanos e agentes de IA, a visibilidade sobre as habilidades da força de trabalho se torna essencial. Para aumentarem seu grau de “readiness” e estarem preparadas para enfrentar as mudanças, as organizações precisam adotar estratégias de Inteligência de Habilidades, que estejam conectadas com a direção do negócio.

  • 85% das empresas têm programas de desenvolvimento de talentos.
  • Mas apenas 20% acreditam que eles estão alinhados com os objetivos do negócio.
  • Apenas 6% classificam seus sistemas como “excelentes”.
  • Os principais obstáculos são a baixa adesão (42%) e a falta de tempo para treinamento (41%).

Empresas que ainda oferecem conteúdos genéricos, que não atendem à realidade prática e às demandas específicas dos colaboradores, vão continuar batendo no muro. Da mesma forma que a IA está ajudando a melhorar a produtividade, ela pode ajudar a criar trilhas e jornadas que façam mais sentido para os times, além de ajudar no engajamento, como sugere o estudo “It’s Time for an L&D Revolution: The AI Era Arrives”, da Josh Bersin Company.

De acordo com o levantamento, as organizações estão atrasadas nesse processo de colocar a IA no aprendizado dos colaboradores e alinhados aos negócios. Pensamento crítico, Análise de Dados, visão de produto e de negócio devem estar embutidos nesse aprendizado para torná-lo mais prático e ligado ao dia a dia dos colaboradores. Outros insights do levantamento da Josh Bersin:

  • IA muda tudo: Cursos lineares, catálogos fixos e conteúdo estático não conseguem acompanhar as mudanças nos negócios.
  • O aprendizado precisa ser descentralizado: equipes e indivíduos têm autonomia para criar, selecionar e consumir aprendizado sob demanda.
  • A economia de custos é significativa: o tempo e os gastos com desenvolvimento de conteúdo podem ser reduzidos pela metade com o uso da IA.
  • O conteúdo está se tornando conversacional: chatbots, ferramentas de voz e agentes integrados entregam conteúdo no fluxo de trabalho.

O relatório conclui que a mudança para o aprendizado que prioriza a IA está bem encaminhada e alerta que as organizações que adiarem correm o risco de ficar para trás.


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