SCFI ou não SCFI, eis a questão!

30 de julho de 2025

SCFI ou não SCFI, eis a questão!

A partir de setembro, sociedades de crédito, financiamento e investimento (SCFIs, mais conhecidas como “financeiras”) no Brasil poderão exercer atividades de fintechs de crédito e de instituições de pagamento, após aprovação da resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).

A ideia desse novo marco regulatório é incentivar fintechs de crédito e instituições de pagamento a se tornarem SCFIs. O CMN justifica a mudança apontando aumento da competitividade no mercado financeiro e incentivo para que as fintechs “migrem para um segmento mais compatível com suas estratégias, operações e clientes”.

Existem mais de 70 empresas dentro desse segmento operando no Brasil. Fintechs como Stone, RecargaPay, MagaluPay e CloudWalk passaram por essa mudança, em um movimento que tem um olho na diversificação de captações e outro na redução de custos. Sem falar que passam a contar com novas fontes de capital, como Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Câmbio (LCs).

A mudança vai afetar um setor em evolução contínua, com ecos na economia brasileira. Uma pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que a chegada das fintechs ao Brasil trouxe uma competição para os bancos que reduziu os juros cobrados em empréstimos e a margem das instituições. Entre 2012 e 2024, o juro dos empréstimos foi reduzido em 2,9 pontos percentuais e a margem líquida dos bancos tradicionais em 1,3 ponto percentual. Em 2024, 25% do mercado de cartões de crédito e mais de 10% dos empréstimos pessoais não consignados no Brasil vieram de fintechs.

Espaço para crescer

As fintechs penetraram apenas cerca de 3% das receitas globais de bancos e seguradoras, segundo o relatório “Fintech’s Next Chapter: Scaled Winners and Emerging Disruptors”, do BCG. Cerca de 60% de toda a receita do mercado de fintechs é gerada por menos de 100 players, empresas que escalaram para mais de US$ 500 milhões em receita anual.

A projeção é que, em sua jornada de crescimento e amadurecimento, essas grandes fintechs irão atuar como empresas de capital aberto maduras. Elas estão divididas em cinco verticais, em que Pagamentos respondeu por US$ 126 bilhões em receitas das fintechs em escala em 2024 (com carteira digitais ficando com uma fatia de US$ 67 bilhões, e Adquirência de Comerciantes e SaaS Vertical, com US$ 50 bilhões (veja o gráfico).

O Fórum Econômico Mundial sustenta que as fintechs entram em uma fase de crescimento mais sustentável, com a aquisição de clientes desacelerando em média 37% (entre 2022 e 2023), mas com crescimento da receita do lucro permanecendo ao redor de 40%. Em lugar do “crescimento a qualquer custo”, entram estratégia e colaboração entre setores liderados pela IA. O foco passa da disrupção para integração, eficiência e inovação estratégica.


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