Mais ideias, menos enrolação: como grandes empresas estão virando fábricas de novos negócios

30 de junho de 2025

Mais ideias, menos enrolação: como grandes empresas estão virando fábricas de novos negócios

Mais da metade dos CEOs colocam a construção de novos negócios como uma de suas principais prioridades. Como parte da estratégia de crescimento corporativo, o lançamento de iniciativas no modelo semelhante ao de startups preenche a lacuna que a velocidade e escala do P&D não comportam. Para acessar a inovação, ter um programa de “venture building” é um caminho. O outro é investir em “venture factory”.

No modelo “venture factory”, as organizações colocam de pé estruturas internas dedicadas à criação, incubação e escalabilidade de novos negócios. Empresas que dominam esse modelo são duas vezes mais propensas a obter sucesso e, em média, geram 12 vezes mais receita no quinto ano de operação de um novo negócio, se comparadas a empresas iniciantes. A grande maioria (90%) dos investidores defendem que as empresas aumentem ou, no mínimo, mantenham seus investimentos nessa frente, segundo um levantamento da McKinsey. Essas iniciativas devem responder por mais da metade do crescimento das empresas nos próximos anos.

O modelo de venture factory entrega velocidade, eficiência no uso de ativos corporativos, gestão de riscos via portfólio e potencial de crescimento exponencial. Em um cenário global em que as barreiras entre incumbentes e startups estão diminuindo, o diferencial está em quem consegue transformar inovação primeiro em processo e depois em valor.

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3 blocos de construção de um negócio bem-sucedido

Para construir o modelo, a McKinsey define três pilares de sustentação para venture factories de alta performance.

1. Capacidades de incubação: construir de forma rápida, robusta e escalável

O primeiro pilar de uma venture factory é a capacidade de incubar negócios. Isso significa ter acesso imediato a

  • Especialistas difíceis de encontrar: fundadores em série, engenheiros, desenvolvedores, designers, cientistas de dados e profissionais de growth.
  • Infraestrutura tecnológica: APIs, dados estruturados, ambientes de desenvolvimento, padrões de segurança e compliance.
  • Recursos operacionais: desde construção de marcas até suporte jurídico, compliance, finanças e marketing.

A centralização desses recursos permite reduzir custos, acelerar desenvolvimento e aumentar as chances de sucesso. Empresas que seguem esse modelo conseguem mobilizar uma nova venture em questão de dias, e não de meses.

2. Acesso aos pontos fortes da empresa-mãe: o diferencial que startups externas não têm

Uma vantagem competitiva enorme das venture factories é o acesso aos ativos, dados e redes da própria empresa. Isso inclui

  • Base de clientes e fornecedores: acesso imediato a mercados, canais de distribuição e relacionamentos já estabelecidos.
  • Capital e suporte financeiro: com liberação condicionada a marcos de desenvolvimento, seguindo práticas semelhantes ao venture capital.
  • Sistemas internos e expertise: acesso facilitado a times jurídicos, compliance, risco e tecnologia.
  • Patrocínio da liderança: conexão direta com o CEO e outros executivos, que ajudam a remover barreiras, acelerar decisões e destravar recursos.

Este pilar resolve um dos maiores desafios das startups tradicionais: o custo e o tempo necessário para construir confiança no mercado, acessar clientes e superar barreiras regulatórias.

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3. Gestão de portfólio: pensar como um investidor institucional

O sucesso não vem de uma única aposta. Por isso, as empresas que criam venture factories bem-sucedidas operam como gestores de portfólio. Elementos centrais dessa governança incluem

  • Mandato claro do board: com compromisso de longo prazo e visão de que os negócios nascerão para gerar crescimento estrutural.
  • Processo de seleção rigoroso: análise de dados, tendências e ativos disponíveis antes de decidir quais negócios construir — eliminando projetos que sejam apenas “pet projects”.
  • Gestão financeira ativa: funcionamento em modelo semelhante a fundos de VC, com aportes baseados em milestones e corte de funding quando necessário.
  • Gestão de talentos: definir quando times devem migrar para novos negócios ou retornar para a venture factory, otimizando aprendizado e velocidade de execução.

Empresas experientes ajustam continuamente esse modelo, aprendendo com cada lançamento e refinando processos para acelerar os próximos.

 

 Dados que reforçam a importância do modelo


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