Blockchain, computação quântica, IoT e IA desafiam proteção de dados

29 de janeiro de 2025

por Roberta Prescott

Blockchain, computação quântica, IoT e IA desafiam proteção de dados

Blockchain, computação quântica, internet das coisas e inteligência artificial generativa estão no radar dos especialistas em proteção de dados como tecnologias emergentes que podem trazer desafios. Moderador do painel que debateu o tema durante o evento “Importância da Segurança para a Proteção de Dados”, organizado por Cert.br e ANPD, Luiz Alexandre Reali Costa, o Tuca Reali, gerente do Observatório Brasileiro de Inteligência Artificial do NIC.br, destacou que tecnologias emergentes nem sempre se trata de algo nova, mas, sim, de algo que, quando o ecossistema se desenvolve, viabiliza o uso massivo da tecnologia.

 

“É como a inteligência artificial, que é tema há uns 70 anos, eclodiu mais recentemente e ficou popular com a inteligência artificial generativa. O ecossistema se desenvolve e permite o uso massivo, o que também traz o aspecto de que expõe usuário à coleta massiva de dados, tem escalada da complexidade com novas tecnologias sendo implantadas, escala as vulnerabilidade do sistema e também expõe a escassez de profissionais qualificados”, pontuou Tuca Reali.

 

Do lado da legislação, Jefferson Dias Barbosa, gerente de projetos na ANPD, apontou que a  Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) não tem como objetivo travar novas tecnologias, mas para trazer mais segurança ao titular. “A LGPD é baseada em princípios; em segurança, transparência e prestação de contas. Muitas vezes, não vemos transparência na coleta dos dados e isso é fundamental no desenvolvimento das novas tecnologias”, assinalou. 



Falando sobre blockchain, Gladstone Moises Arantes Junior, especialista em blockchain no BNDES, destacou que a tecnologia é, sem sua definição, como máquina da confiança. “É você confiar sem precisar confiar em ninguém em particular”, explicou. Para ele, não existe caso de uso mais óbvio para blockchain que a adoção no governo, mas há desafios em proteção de dados. O principal deles é que, uma vez que o dado é inserido, ele não pode ser apagado.

 

Além disso, o especialista do BNDES acredita que a Web 3.0 vai trazer ainda mais revolução. “Hoje, vivemos a Web 2, centralizada nas grandes plataformas, que usam seu dado para gerar ativo em cima daquilo. A Web 3, que não é suportada necessariamente por blockchain, existe a descentralização das plataformas, o que dá autossoberania para as pessoas”, adiantou.    

 

Lucimara Desiderá, analista de segurança do CERT.br/NIC.br, concentrou sua fala na internet das coisas, apontando que IoT já está no nosso dia a dia e traz consigo várias vulnerabilidades que impactam os usuários, a rede onde está conectado e a internet como todo. “Os desafios da segurança em IoT começa com problemas na própria indústria por  negligenciar a segurança. O foco do fabricante é o produto e a segurança fica para alguém lá na frente pensar e tornar o dispositivo seguro”, disse.

 

Para Desiderá, a maioria dos fabricantes ainda repete erros antigos, como backdoor, protocolos obsoletos, serviços desnecessários ativados por padrão que ampliam a gama de disponibilidade de ataque. “Quando pensamos em IoT não é só o dispositivo; não é apenas o relógio, é o smartphone, a nuvem… solução que vai além ao dispositivo e é preciso pensar na cadeia toda”, frisou.  

 

Para tanto, seria preciso incorporar “segurança by design e by default”, entregando para o usuário o dispositivo já seguro, com a proteção vindo de fábrica e garantindo a confiabilidade e a integridade dos dados em toda a cadeia.  

 

Percival Henriques de Souza Neto, presidente da Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid) e membro do CGI.br, disse que o principal desafio hoje, para além da computação quântica, é o aprendizado de máquina. “Cada vez mais precisa-se de mais dados e temos  modelos mais sofisticados”, apontou.

 

Também ressaltou que a evolução da IA vai na direção de uma inteligência artificial IA física, caminhando para a IA geral. “A IA física é olfato, tem dados do mundo real incorporados. Você pode seguir uma pessoa pelo cheiro, por exemplo, ou ter sensores antidrogas substituindo os cães”, explicou. “Mas como vou monitorar o tipo de machine learning em que a própria máquina aprende com os novos sensores? Quanto mais se avança na tecnologia, mais complexo fica”, pontuou.  

 

E como as tecnologias emergentes se enquadram no mundo da regulação? Para Percival Henriques de Souza Neto, a questão principal que deve estar no radar é o tempo. “Tudo está em razão do tempo. Me preocupam as questões que não consideram o tempo como variável importante, porque o desafio é real e é contado em milissegundos”, defendeu.
 

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