Mais que atrair, Brasil tem de lutar para reter profissionais de TI

01 de agosto de 2024

por Luis Osvaldo Grossmann

Mais que atrair, Brasil tem de lutar para reter profissionais de TI
O Brasil ainda sofre para preencher as vagas oferecidas em cursos de graduação em computação e tecnologia, mas a maior dificuldade nem é mais despertar o interesse. Muito mais complicado tem sido manter esse interesse até o final.  Esse foi o alerta da presidente da SBMicro, Linnyer Ruiz, ao discutir quais as chances do Brasil em achar um lugar no mercado global de chips durante a  5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontece em Brasília entre 30 de julho e 1 de agosto.  O adolescente de hoje é nossa reserva de talento. Mas se ele não chegar na graduação com um mínimo de conhecimento sobre tecnologia, ele vai embora. Porque nosso problema não é mais atrair, é reter. E só vamos reter se esse adolescente chegar na universidade conhecendo tecnologia e tendo auto estima tecnológica, afirmou.  Ela mostrou dados do Censo Escolar de 2022, apontando que foram oferecidas 2,3 milhões de vagas em cursos de computação e TICs no país, das quais apenas 595 mil resultaram em matrículas. No entanto, somente 61,7 mil alunos concluíram os cursos.  Professora, pesquisadora e empreendedora, Linnyer Ruiz fundou e lidera o Manna BR, projeto apoiado pelo CNPq para ensinar tecnologia a alunos e professores desde os primeiros anos escolares, que funciona em 15 estados, com foco em cidades pequenas.  Ela acredita que a qualidade dos cursos de TICs no Brasil em geral, e em microeletrônica em especial, é muito boa. Mas a dificuldade é garantir a cultura digital para esse mínimo que considera fundamental para ampliar a taxa de conclusão. E, claro, falta um longo caminho para ter mais mulheres nesse campo. Sem em TICs as mulheres são 5%, em microeletrônica são no máximo 2%. Estamos fomentando, trazendo, ensinando tecnologia, microeletrônica de semicondutores para essas crianças que vão ser engenheiros, advogados, enfermeiros, muito melhor posicionados no mercado e com uma cultura digital muito importante para o país, formadores de opinião para que a gente tenha uma política pública nacional para investir em semicondutores, porque essas crianças vão formar opinião e vão estar conosco nessa pressão para que a gente tenha uma política como país, defendeu.  Durante o painel sobre semicondutores na 5ª CNCTI, o presidente do Ceitec, Augusto Gadelha, reafirmou a nova estratégia da estatal de chips, tomada ainda no ano passado. Com a decisão do governo Lula de suspender e reverter a extinção da estatal, o plano de viabilização econômica do Ceitec passa pela produção de chips para veículos híbridos e painéis fotovoltaicos. 

leia

também