A Secretária-Geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Doreen Bogdan-Martin, colocou as tecnologias digitais em posição de destaque ao participar da última reunião anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Ela juntou-se à reunião de líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil em discussões críticas sobre inteligência artificial (IA), comunicações no espaço e inclusão digital.  Ao falar sobre governança da IA, a secretária-geral destacou que segue otimista, apesar dos progressos desiguais e dos riscos amplamente reconhecidos no rápido desenvolvimento da IA. Ela reconheceu a resposta proativa dos governos e as normas como elementos cruciais na governação da IA. Também enfatizou a necessidade de uma plataforma global para construir consenso sobre oportunidades e riscos neste campo em rápido avanço: “Não podemos permitir-nos um mundo com estratégias divergentes em matéria de IA”, disse Bogdan-Martin, ecoando as preocupações expressas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Ela ainda acrescentou que o desenvolvimento de padrões acessíveis também será crucial para nivelar o campo de atuação da IA ​​para os países em desenvolvimento e menos desenvolvidos. Com relação à inclusão digital, Bogdan-Martin apelou ao acesso, à equidade e à participação na transformação digital em curso no mundo. Destacou que, juntamente com a infraestrutura física, a eliminação da exclusão digital depende de tornar o acesso à Internet e dispositivos como smartphones amplamente acessíveis, mesmo nos países menos desenvolvidos do mundo. O objetivo é que a conectividade seja significativa para que as pessoas possam se beneficiar dela. Embora 95% da população mundial esteja agora coberta por redes de telecomunicações 3G, 4G ou 5G, estima-se que 33% — ou 2,6 mil milhões de pessoas — permanecem offline. Além disso, o acesso e a utilização tendem a variar com base no género e no estatuto socioeconómico, resultando em fossos digitais adicionais dentro dos países. Para garantir a plena inclusão, todas as crianças necessitam de competências básicas de literacia, bem como de acesso digital seguro, desde cedo. Os baixos níveis de aprendizagem em alguns países colocam a atual geração de estudantes em risco de perder até 21 biliões de dólares em rendimentos potenciais ao longo da vida, de acordo com o Banco Mundial.  A Secretária-Geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Doreen Bogdan-Martin, também levou o tema das comunicações no espaço, ressaltando que, para apoiar o progresso e a prosperidade, os serviços espaciais devem ser acessíveis a todos. Segundo a UIT, a entidade, como guardiã do tratado internacional de Regulamentação de Radiocomunicações, colabora com governos e membros da indústria em todo o mundo para garantir o uso eficiente do espectro mundial de radiofrequências e das órbitas de satélite. Nesse sentido, a recente Conferência Mundial de Radiocomunicações da UIT (WRC-23) afirmou o papel crucial dos satélites, tanto para ligar todas as pessoas na Terra como para apoiar os sistemas de segurança da vida, a monitorização do clima e até mesmo o planeamento do espectro para o eventual avanço da humanidade para a Lua. No próximo período, a UIT realizará estudos sobre desorbitação ou eliminação segura e eficiente, centrando-se no espectro de radiofrequência e nos recursos associados em órbita de satélite utilizados pelos serviços espaciais. Os satélites são essenciais para alcançar os objetivos globais estabelecidos pelas Nações Unidas para 2030 — 40% das metas dos ODS dependem de dados recolhidos por satélites de observação da Terra.