Demi Getschko: Espero que ninguém tente um dia regulamentar o HTTP

06 de dezembro de 2023

por Roberta Prescott

Demi Getschko: Espero que ninguém tente um dia regulamentar o HTTP
O Presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br (NIC.br), Demi Getschko, voltou a reforçar que é preciso tomar cuidado com a terminologia ao abordar temas relacionados à regulamentação da internet. “Uma coisa é dizer que está regulando o que cresceu em cima da internet e outra é que está regulando a internet. Espero que ninguém vá querer regular o HTTP. Ter de tomar cuidado com a terminologia. A internet é um substrato e em cima dele crescem coisas variadas, coisas ótimas e outras não tão ótimas, que podem ser avaliadas, mas que não devem afetar o substrato”, detalhou ao abrir o IX Fórum 17, nesta quarta-feira (06/12), realizado na 13ª Semana de Infraestrutura da Internet no Brasil.  Ao detalhar o que isso quer dizer, o engenheiro considerado o pai da internet no Brasil explicou que, como se fosse uma ampulheta, na camada de baixo está a infraestrutura de telecom, com redes LTE, 4G, fibra ótica, cabo etc. O gargalo é o IP e em cima dele vem protocolos como TCP, UDP, HTTP e, em cima disso, os aplicativos, como redes sociais, Google, Netflix. “Na minha opinião, a internet termina na segunda camada, porque o que vem acima são objetos”, disse.  Demi Getschko também defendeu a preservação da neutralidade de protocolos e o fato de eles serem agnósticos e não estarem “nunca preocupados com que informação ele está carregando”. “Se a informação presta ou não, se é importante ou piada: isso não tem nada a ver com o protocolo de transporte”, assinalou, frisando a necessidade de respeitar as camadas de infraestrutura.   Ele começou sua palestra falando da criação da internet e ressaltando que a origem não tem a ver com ser uma rede militar. “ O desenvolvimento da internet nasce dentro da Arpa e isso leva à associação com projeto militar. É óbvio que o dinheiro usado foi militar, mas quem se envolveu foi o pessoal da academia e os conceitos eram os da cultura da época. Era 1969, época de Woodstock”, lembrou.  A Arpanet nasceu em 1969 e ganha vantagem, porque foi definido que computadores não se ligariam à rede, mas seriam os IMPs (interface message processor). Os computadores se ligariam aos IMPs e eles fariam o trabalho de ligar os computadores à rede. Hoje, é o roteador que faz este papel. À época já provaram que a Arpanet era possível e defenderam a importância de uma abordagem de camadas, com padrões e documentações abertas.  Sobre o futuro da internet, Demi Getschko voltou a frisar que a tendência é sumir, no sentido de estar embrenhada no dia a dia, tal qual é a eletricidade hoje. 

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