Dados pessoais: Autonomia de órgão fiscalizador de segurança da informação em debate

01 de junho de 2017

por Da redação

Participantes de audiência pública na comissão especial sobre proteção de dados pessoais discutiram nesta quarta-feira, 31/05, o papel do órgão que deve fiscalizar a segurança da informação no País. Apesar do consenso sobre a criação de estrutura de alcance nacional, os especialistas se preocupam com o grau de autonomia do órgão para formular regras próprias. A instituição está prevista nos projetos de lei 4060/12, do deputado Milton Monti (PR-SP), e 5276/16, do Executivo. O texto do governo sugere a criação de órgão centralizado, nos moldes de agência reguladora, com independência financeira e custeado por multas ou taxas específicas. Já a outra proposta defende estruturas pulverizadas, mas com poder de autorregulação, sobretudo, para fixar sanções ao descumprimento das regras de proteção de dados.Para o secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, Maximiliano Martinhão, uma futura agência reguladora sobre o tema deve fixar padrões mínimos de segurança, sem interferir em questões específicas. “Recentemente, tivemos dados de saúde de figuras importantes e de instituições financeiras que foram vazados na Internet. É responsabilidade desses setores formular estratégias de segurança”, observou. Segundo ele, a autorregulação “poderia expor fragilidades” na segurança de dados, que é uma questão estratégica e costuma ser abordada de forma centralizada pelas empresas. Em vez disso, ele sugeriu a cooperação tecnológica entre os diversos setores. Ombudsman Já para a professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em direito eletrônico Cintia Rosa Lima, o órgão de fiscalização deveria ser multissetorial. Ela sugeriu a adoção de um ombudsman, como existe no Canadá, sem poder para aplicar sanções, mas capaz de aprovar regras específicas. “Tendo um diálogo constante com vários setores da sociedade, o resultado são normas que foram debatidas e, portanto, têm uma legitimidade”, reforçou. “Regular todos os aspectos da atividade pode interferir com a inovação e a pesquisa”, segundo opinou o coordenador do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Ulysses de Levy Machado. “Essa é a nossa preocupação, tanto para os que estão do lado de cá, o setor público, como a iniciativa privada”, complementou. Para o relator na comissão, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o órgão deverá tratar da matéria infralegal. “Neste aspecto normativo, que esse órgão deve ter, é que talvez seja a segurança de que não será uma lei obsoleta num prazo muito curto.” Assegurar a liberdade Apesar de favorável à fiscalização, o diretor do sindicato de operadoras de telefonia (SindiTelebrasil), Alexandre Castro, sugeriu ajustes no texto “assegurando que a liberdade seja a regra”. Ele propôs mudança para retirar do órgão regulador a competência de definir o tempo de proteção do dado, uma vez já autorizado pelo usuário. Ainda segundo ele, a instituição não deve ser custeada pelo aumento de tributos sobre o setor de telecomunicações.Coordenadora de um instituto de pesquisa em tecnologia (InternetLab), Beatriz Kira acredita em compromissos de autorregulamentação e boas práticas com respaldo em lei geral. “Elaborados de forma que seja possível cobrar pelo seu não cumprimento na Justiça”, frisou. *Com informações da Agência Câmara

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