Porcentual de lares com Internet não aumenta e desigualdade permanece alta

13 de setembro de 2016

por Roberta Prescott

Porcentual de lares com Internet não aumenta e desigualdade permanece alta
ATUALIZADA - A proporção de domicílios brasileiros com conexão à Internet banda larga permaneceu a mesma em 2015 em comparação com o ano anterior e a desigualdade no acesso ainda é uma barreira a ser vencida, uma vez que os mais ricos e moradores da zona urbana concentram as conexões. Alto preço do serviço e falta de infraestrutura em determinadas áreas são as principais barreiras para a expansão da banda larga no País. Foi isto que revelou a pesquisa TIC Domicílios 2015 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), realizada anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Em 2015, 51% dos lares tinham Internet, um total absoluto de 34,1 milhões de domicílios. Em 2014, o porcentual foi de 50% totalizando 32,3 milhões de habitações. A discrepância social segue alta. Na comparação entre ricos e pobres, enquanto 97% dos lares da classe A e 82% da classe B possuíam acesso à Internet, apenas 49% dos lares da classe C e 16% das D/E contavam com o serviço. A diferença fica ainda maior na comparação entre domicílios em área urbana (56% com Internet) e rural (22%). Entre as regiões, a maior concentração de lares com Internet está na região Sudeste (60%), seguida da Sul (53%), Centro-Oeste (48%), Nordeste (40%) e Norte (38%). O porcentual apresenta variações em relação com registrado em 2014. Houve aumento de penetração de banda larga no Centro-Oeste (44%), Nordeste (37%), Norte (35%) e Sul (51%) — o Sudeste manteve os mesmos 60% de domicílios com acesso à Internet. Durante coletiva de imprensa, o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, afirmou que a diferença de 50% para 51% é uma variação muito pequena e, por isto, não se pode levar em crescimento. “Fica a mensagem para os gestores públicos da necessidade de rever as políticas de inclusão, porque as desigualdades socioeconômica e regional são persistentes”, disse.  Entre os principais fatores que levam a esta desigualdade estão o preço do serviço e a disponibilidade de acesso. Do total de domicílios sem acesso à Internet, 60% deles alegam que o custo é muito caro. Na área rural, há agravantes além do preço, como a falta de computador no domicílio (55%) e a falta de disponibilidade de Internet na região (53%). “Deveria haver políticas para redução do preço de acesso, que ainda é caro para as pessoas de menor poder aquisitivo”, completou Barbosa.   Celular como principal acesso Em 2015, 33,2 milhões de domicílios possuíam computador, o que corresponde a 50% dos lares do País. Destes, 64% dos lares tinham computadores portáveis; 51% contavam com computadores de mesa e 38% com tablets. No entanto, apesar da presença dos PCs, a massificação dos aparelhos inteligentes fez com que os telefones celulares ultrapassassem os computadores como principal dispositivo para conexão à Internet pelos indivíduos. Em 2015, 89% dos indivíduos usuários de Internet preferiam acessar por meio de aparelhos celulares, contra 65% que optaram pelos computadores. Em 2014, o porcentual foi de 76% para celulares e 80% para computadores. Na zona rural, a diferença foi ainda maior, com o uso de celulares saltando de 64%, em 2014, para 85%, em 2015, e o de computador caindo de 66% para 44% no mesmo período.  Barbosa observou que, apesar do fato de os celulares representarem a inclusão do cidadão no mundo online e de os aparelhos terem mais capacidade de processamento, ainda há limitações que inibem o desenvolvimento de habilidades requeridas no trabalho. “É preocupante porque as classes mais baixas usam o celular para ter acesso à Internet e não desenvolvem tais habilidades”, destacou.   A questão levantada por Barbosa ganha relevância em um cenário no qual o maior porcentual de habilidades para uso de computador, de acordo com a pesquisa, é copiar ou mover um arquivo ou uma pasta — apontado por 56% dos entrevistados. Na sequência, com 51%, está anexar arquivos em e-mail, seguido de copiar e colar informações em um documento (49%) e transferir arquivos entre computador e outros equipamentos ou dispositivos (43%). Apenas 7% criaram programa de computador usando linguagem de programação; 26% criaram apresentações de slides e 27% instalaram novos equipamentos, como modem, impressora, câmera ou microfone.  A pesquisa TIC Domicílios tem por objetivo geral medir o acesso e os usos da população em relação às tecnologias de informação e comunicação. Com abrangência nacional, a pesquisa fez, entre novembro de 2015 e junho de 2016, 23.465 entrevistas em 350 municípios brasileiros. As entrevistas domiciliares foram realizadas presencialmente usando questionário estruturado, aplicado por meio de tablets. Leia também: Brasil ainda tem 32,8 milhões de domicílios desconectados Conexões Wi-Fi aumentam e ganham relevância como meio de acesso à Internet  Atualizada às 16:45 para inserção de informações. 

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