Relatório da CPI Ciber é aprovado com PJ de remoção de conteúdo sem ordem judicial

04 de maio de 2016

por Roberta Prescott

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos aprovou por 17 votos a 6 nesta quarta-feira (4/5) seu relatório final, após o adiamento da votação nas últimas sessões. Entre os pontos mais polêmicos, ficou mantido o anteprojeto de Lei que prevê que os provedores de Internet retirem da rede, sem necessidade de nova decisão judicial, conteúdos iguais a outros que já tiveram a retirada determinada pela Justiça. Pelo texto, bastará uma notificação do interessado para que o conteúdo seja retirado.  A CPI também manteve no relatório final o anteprojeto de lei que amplia o crime de invasão de dispositivo informático previsto no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40) e por 13 votos contra nove, ficou mantido n​o​ relatório o anteprojeto de lei que permite que juízes determinem o bloqueio de sites e aplicativos dedicados à prática de crimes. No entanto, conforme noticiou a Agência Câmara, por sugestão do deputado Sandro Alex (PSD-PR), um dos sub-relatores da CPI, o texto final do projeto deixará claro que aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, não poderão ser bloqueados. Na reunião de ontem, os integrantes da CPI sustentaram que o bloqueio do aplicativo WhatsApp foi uma medida desproporcional ao prejudicar milhões em nome de um crime específico. Mas, logo em seguida, vários dos parlamentares que lamentaram o bloqueio do app, defenderam incluir na legislação a permissão para que isso seja feito. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que foi relator do Marco Civil na Câmara, considerou o bloqueio de sites e aplicativos uma medida ineficaz para o combate a crimes cibernéticos.  O relator da CPI, deputado Esperidião Amim (PP/SC), contabilizou os resultados da Comissão: foram 20 recomendações, recomendação de análise de nove projetos de lei já em tramitação na Câmara e proposta de seis novos projetos de lei, que serão protocolados e tramitarão na Casa. Os projetos de lei propostos pela CPI ainda vão tramitar na Câmara e no Senado. A redação final do relatório, com as alterações aprovadas na reunião de hoje, ainda está para ser publicada. Neste link é possível acompanhar o andamento da CPI. HistóricoDepois de quase oito meses em vigor, a CPI produziu um relatório final de 254 páginas, dividido em três partes e que sugere 19 medidas para combater delitos praticados pela Internet e a criação de oito Projetos de Lei (PL), alguns afetando diretamente os provedores de Internet.  Leia reportagem sobre os impactos das propostas para os ISPs. Em abril, quando o primeiro relatório da CPI foi divulgado, o Comitê Gestor da Internet divulgou nota rechaçando-o. Para o CGI, as propostas de flexibilização e modificação do Marco Civil da Internet (Lei 12.965) desconsideram todo o processo de construção colaborativa do Marco Civil. O texto do relatório acabou sendo mudado duas vezes após ter recebido diversas críticas desde que foi apresentado no dia 31 de março. A terceira versão do relatório pode ser acessada aqui.

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