Por que se conectar a pontos de troca de tráfego? Entenda vantagens e cuidados do IX

26 de outubro de 2015

por Roberta Prescott

A economia tem levado provedores de acesso à Internet a participar de pontos de troca de tráfego — ou Internet Exchange (IX), na nomenclatura em inglês e como é mundialmente conhecido. No entanto, conforme salientou Antonio Moreiras, gerente de desenvolvimento e projetos no NIC.br, há vantagens técnicas de melhoria de qualidade e resiliência, uma vez que ao participar de um IX os sistemas autônomos (AS, na sigla em inglês) têm conexão direta para diversas redes. “Muitas vezes, a economia é a razão principal por que muitos ASs se conectam a IXs, mas em países europeus ou nos Estados Unidos, onde o preço de trânsito é mais baixo, os ASs se conectam a IX por outros motivos. Mas aqui o trânsito custa caro, principalmente fora do eixo Sul-Sudeste”, disse Moreiras em sua palestra durante o FutureNet, pré-evento da Futurecom realizado pela Associação Brasileira de Internet (Abranet). “Montar enlace para chegar ao ponto de troca de tráfego (IX) sai mais barato que fazer trânsito com todos.” Moreiras também alertou para os cuidados ao participar do IX.br. Com relação aos enlaces, ele alertou que nem todos são compatíveis com o IX.br e lembrou que é preciso ter suporte (tag de VLAN, MTU mínimo de 1472 bytes e múltiplos endereço de MAC. “O IX.br filtra os MACs. Deve-se informar o MAC de roteador para o IX.br e não se pode usar outros MACs”, destacou. Como exemplo, citou que o IX de São Paulo tem cerca de 800 participantes. “O roteador vai conversar com os outros, vai precisar saber do endereço MAC e duas VLANs, uma para IPv4 e outro para IPv6.” Outro cuidado é informar o equipamento que vai usar e atentar-se para o que será habilitado ou não. Deve-se tomar cuidado com uma série de filtros no BGP para não causar problemas. Moreiras falou ainda do conceito de canal para ponto de troca de tráfego (CIX, do inglês channel to IX). Fora do Brasil, o conceito mais próximo é de revenda de porta, compartilhamento de porta. Ou seja, uma mesma ligação ao IX.br pode ser compartilhada entre diversos participantes. “Um AS pode contratar um enlace para o IX.br e interligar-se, oferecendo, então, comercialmente a outros sistemas autônomos a possibilidade de compartilhar o mesmo canal. Ou um conjunto de ASs pode contratar um enlace em conjunto até o IX.br e compartilhá-lo para interligar-se”, explicou. Outro uso que os provedores de internet estão fazendo são as chamadas VLANs bilaterais. Além das VLANs que ligam cada participante às redes compartilhadas (camada 2) em IPv4 e IPv6, os participantes podem solicitar VLANs bilaterais sem custo e usá-las para troca de tráfego ou venda de serviço, como trânsito Internet ou transporte para outras localidades do IX.br. Hoje, o IX de São Paulo é o maior do Brasil, respondendo por 80% do volume de tráfego de toas as localidades. O lado ruim desta concentração é a dificuldade para operar o IX de SP, devido à grande quantidade de conexões, redes e conteúdo. “Para quem está em São Paulo é ótimo, para quem está longe seria melhor se conteúdo estivesse espalhado em outros IX regionais”, destacou Moreiras. Por outro lado, a retroalimentação do IX de São Paulo é positiva, uma vez que quanto mais conexões em um IX mais interessante ele fica para mais gente se conectar nele.  

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