TV paga: Provedores Internet ficam mais perto dos OTTs

29 de julho de 2015

por Ana Paula Lobo*

Com a Lei do SEAC (Serviço de Acesso Condicionado), os provedores Internet ficaram aptos a fornecer serviços de TV por assinatura, como forma de enfrentarem a concorrência direta dos operadores tradicionais no mercado de banda larga. Projeções do mercado dão conta que, em 2014, os provedores investiram cerca de R$ 3 bilhões na construção de suas novas redes com o intuito de agregar novos serviços aos seus clientes e, por consequência, aumentarem a receita.Nesse cenário mais competitivo, com a TV paga como um novo serviço no porfólio, os ISPs estão mais próximos dos OTTs do que dos programadores tradicionais, pondera o presidente da ABTA, Oscar Simões.Os OTTs trabalham com o serviço de streaming e os provedores têm redes de banda larga. A operação de TV por assinatura exige um capital de giro muito elevado, que atualmente os provedores não têm acesso. É preciso ter dinheiro em caixa para sustentar as operações. Um equipamento na casa do cliente está com um custo médio em torno de R$ 500,00, muito em função da alta do dólar. Isso significa um elevado custo de aquisição do cliente, pontua Simões.Segundo ainda dados da ABTA, os provedores Internet respondem por 2% do mercado no Brasil.O ano de 2015 será de estagnação e o setor e deverá fechar com os mesmos 20 milhões de assinantes, conquistados no ano passado. “Nossa expectativa de crescimento do setor neste ano é zero. Se houver algum crescimento, será muito pequeno”, afirmou o presidente da ABTA. Simões admitiu que os desligamentos por falta de pagamento aumentaram, mas sustentou que o mercado de TV paga no Brasil não está saturado. “Quando as condições da economia melhorarem, devemos retomar o crescimento”, pontuou. A entidade não revelou o percentual de inadimplência, informando que esses dados são considerados estratégicos pelas operadoras.A pirataria segue sendo um entrave para o segmento. O número de conexões irregulares pode chegar a cinco milhões em 2015, o que significa quase uma Sky, que ocupa a segunda posição no ranking nacional de TV por Assinatura no Brasil, segundo dados da Anatel. Para o presidente da ABTA, os tempos românticos do Gatonet acabaram. Os criminosos estão muito mais sofisticados. Há uma quadrilha. Eles conseguem quebrar a codificação dos sinais das emissoras e programadoras. No ano passado, houve uma grande operação no Brasil e o sinal pirata estava vindo do Canadá. Esse é um problema sério e que envolve um trabalho diário com as autoridades policiais e não apenas do Brasil, mas também de outros países.De acordo ainda com dados revelados pela ABTA, a receita operacional bruta do setor de TV por assinatura no primeiro trimestre do ano foi de R$ 7,7 bilhões, um aumento de 8% em relação aos mesmos meses de 2014. O levantamento destaca que o segmento ultrapassou o rádio em penetração. O crescimento composto (CAGR) da TV paga foi de 13% nos últimos cinco anos. Atualmente, 50,2% das dizem ter acesso a TV por assinatura, enquanto 46,8% afirmam ouvir rádio. Já 93,6% consomem TV aberta e 68,2% acessam a internet.Com isso, o tempo médio  de horas consumidas nos canais pagos saltou de 2h28min em 2013 para 3H07min em 2014. “Aqui tenho muito a comemorar. Derrubamos o mito que quem compra TV por assinatura o faz apenas para melhorar o sinal da TV aberta. Ele compra para ter acesso a novos conteúdos”,  frisou Simões.A participação dos  provedores Internet no mercado de TV por Assinatura será debatida na ABTA 2015, evento que acontecerá nos dias 04,05 e 06 de agosto, em São Paulo. Na área técnica haverá um painel específico para tratar das oportunidades no segmento de distribuição de conteúdos no Brasil.

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