À espera da regulamentação, white spaces podem ser solução para aumento do alcance da banda larga via rádio

23 de julho de 2014

por Roberta Prescott

Ainda não regulamentado pela Anatel no Brasil, o uso dos chamados white spaces — ou espaços em branco, em português — pode ser uma alternativa a provedores de internet que queiram aumentar o alcance do sinal para oferta de banda larga via rádio, principalmente, em localidades remotas ou de difícil acesso. O termo white spaces refere-se a frequências atribuídas a um serviço de radiodifusão, mas que não utilizadas localmente. Estes espaços em branco estão na faixa entre 470 MHz e 698 MHz e, portanto, conseguem atingir uma área maior de cobertura. Alguns países já liberaram o uso em algumas localidades. “Nos Estados Unidos e na Inglaterra, [a faixa] está regulamentada. Nestes países, a penetração de TV a cabo ou via satélite é alta”, explica Juliano J. Bazzo, da gerência de sistemas de comunicações sem fio do CPqD. No Brasil, como a TV aberta ainda prevalece, a regulamentação deve demorar, visto que desta faixa para serviços de banda larga pode interferir no sinal da TV analógica. Ainda assim, o CPqD começou em 2010 um projeto que levou a o desenvolvimento de um sistema de rádios cognitivos que usam esta frequência. Este tipo de rádio melhora o aproveitamento do espectro eletromagnético, que hoje se encontra congestionado em função do uso cada vez mais intenso das redes de comunicação sem fio nas faixas de 2,4 GHz e 5,8 GHz.  Uma das funcionalidades do rádio cognitivo é detectar as frequências do espectro eletromagnético que não estão sendo utilizadas ou que têm pouca interferência e, por meio de algoritmos específicos, fazer a alocação dinâmica nesses espaços vazios. De acordo com o CPqD, um dos resultados do projeto desenvolvido é uma plataforma de roteador mesh cognitivo, que deverá se transformar em produto quando o acesso dinâmico ao espectro for regulamentado no País.    Bazzo lembra que, em 2010, a Anatel fez um workshop com empresas atuantes nos setores envolvidos para discutir o uso dos white spaces. “Acho que é uma questão de tempo a aprovação [do uso da faixa]”, aponta, ao falar da necessidade de se buscar alternativas para a oferta de banda larga. Como os espaços em branco ocupam uma frequência baixa, a propagação da internet tem maior alcance. “Dependendo da potência do rádio, a cobertura pode ser três a quatro vezes maior.”

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